segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Herança

Coisa que coça a pele pelada no natal das ilusões mundanas
Carnaval da alma marcada de dor e pecado pregado no estandarte da vadiagem

São santos os cães insanos que consomem os anjos fantasiados de miragem
Soa cantos castigados pela voz vã do coral benzido das crias africanas

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Trânsito

Sou uma estrada torta
Fina e cumprida
Me passa o gemido dos infinitos coletivos
Atrapalho o bocejo dos marginais passarinhos
Mas nesse dia tão bonito
Encontro um túnel no caminho
Parece longo, é escuro
Quantos vultos monturos
Ainda dá pra ver que tudo é duo
Tudo é átomo calcado em espaço
Tudo é vazio achado preenchido
Nada instala as minhas rotas
Cada carro corre com suas próprias rodas

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

No Samba Mistério




Cuidado moleque mulambo com olhos de fogo e papo amarelo
Se cuida menina bandida com gosto de vida não sei se te quero
Segurem o mundo da lua que a estrela cadente deixa que eu pego
Na pele daquela morena de fogo e veludo no samba mistério

Se a lua é madura, a luz é de vidro e a cama fica no teto
Alguma medusa me usa e em pedras confundo amor e chinelo
A esquina é da rua, a coragem é da gente e a palavra fica no verso
Na roda de bamba, no choro, na trama, na dama e no samba mistério





A MULHER-VIOLÃO



Mulher-violão de inviolável encanto te encontro essa densa canção
Harmoniza tua linda melodia com a batida do meu disritmado coração
Tenho cordas de aço a esticar em teus braços e te trazer o som
Apertando e tocando repetidamente até sentir da tua boca o tom
Tenho cordas de nylon a sobrevoar a tua ponte para penetração
A fim de sermos Duo, Uno, instrumento único de notas puras de paixão






segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Recado de Viagem


Mande-me um cartão postal daí
Da razão de dois lados
O escopo está sempre fora de foco
E a mente desmente a lente
De forma ausente e incoerente
Daí vertigem, vício e vislumbre
Viagem é vir, ver e ir embora
A    G      O       R       A
Um brinde ao corpo
Espero lá fora



terça-feira, 9 de outubro de 2012

Passageiro Blues


Parado na estação
Com um terno barato
Fumando um cigarro
Fazendo anotações
Jornal debaixo do braço
No bolso ainda um maço
Nas mãos o coração

Enquanto ele chuveu
O dia chorou
Pra quem ele vendeu
Sua alma de cor

Ô passageiro,
Seu trem ainda não chegou
É passageiro, passa
Ele era cinza e se dissipou







segunda-feira, 8 de outubro de 2012

DESASTRATÉGIA

  
 Sarando a Terra com seus Morros
Uns desmatados, outros aterrados
     Em dia matinado de Sol nascente de risco


Sinto o plano cimento com meu peito do pé
       No subsolo concreto, indiscreto e pétreo
Das minhocas mecânicas comedoras de Suicidas de Estação
Esqueça a Planta!

 A Engenharia precisa de Terremotos
Para sua Encenação







domingo, 19 de agosto de 2012

A Porta

Eu nem parti
E parte de mim
Já se foi

Espera a volta
Do melhor

Que já esteve aqui
Espreita à porta

Arrombe-a com delicadeza
Só com o ar
Arrombe-a
A porta inexiste

E está aberta


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Verde Maduro ou Árvore Velha

Da Varanda Varre-se Vultos
Para o Sol Solidificar o Mundo
E a Arte Articular-se nas Artérias
do Tempo
Somente neste Momento tenho Certeza
de Ser e Sendo
Colhendo a Verdade da Idade
das Árvores
Em Acordes Tocados pelo Vento
Sigo Vivendo em Pensamentos
Verdes e Maduros


sábado, 30 de junho de 2012

Da (beb)ida e dos (f)atos














Último momento
OpacO
Úmido & Viscoso
Sereno & Embriagado
Fomento ao Murmúrio
dos Homens
Que comem em Pratos
Fartos ou rasos

Minha fome é de..
.   .   .


























U
m

V
a
s
t
o

E
s
p
a
ç
o
.

.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Oração Suja às Santas Putas

POESIA PRA PICAR
ALGUMA PUTA
SUJA DE PORRA
FEITA DE PORRE
DE ABSINTO
QUANDO SINTO
SANTAS PUTAS DO MEU BRASIL
POR MAIS FODIDA QUE FORDES
AINDA SEDE MUSAS
METEI VOSSAS CURVAS NO MEU VÁCUO COLOSSO
PARA UM GOZO PAGO E VICIADO EM CADA BURACO BARATO

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Seca

Sinto Sede
Sinto Sede, Agora Tudo Virou Mágoa
Virou Nada
Secou a Água
Agora, é só Pedra de Sal
Chora o Sol
Traz a Chuva
Vou Beber da sua Lágrima



segunda-feira, 2 de abril de 2012

A Morte do Boêmio

Quando eu morrer...
Em carne viva à flor da pele
Peça ao poeta a minha dor
A minha droga, a minha glória

Acenda o cigarro, faça um brinde
 
Tome um gole, dê gargalhadas
 
Meu amor...
 
 
 
 
 
 

Cordão da lágrima

Sou escravo sem senzala
Com favela de ouro
Minha corrente é sufoco
É capital, não é tesouro

Deve Deus dormir e sonha
E eu na insônia da babilônia
Povo vota & trabalha
Democracia, tarda & falha

Sou escravo sem senzala
Com favela de ouro
Minha corrente é de fogo
Pouco a pouco me apaga

Segue o cordão da lágrima
Tudo navalha, corta & rasga

domingo, 25 de março de 2012

É isso aí

Minha atitude te fez reparar
Para fazer o que fizesse
Disse à família e aos gentis
Que nada é o que parece
Segura que vai balançar
O mundo já não gira tão devagar
Plantei todas as plantas do jardim
Depois infestei com insetos
E eu queria tudo para mim
                                                      Mas alguém me disse:                           " Não é certo "
É isso aí!
Ô irmão, sou teu irmão também
Compartilhe o pão com mais alguém
Tenho sede na hora de almoçar
No jantar eu gosto de beber e fumar
Não fale agora, quero descansar
Espere logo vou me arrepender
A chuva pode devastar
Ou a terra amolecer
É isso aí!

SARDADELA

Contei desconfiado do Rabo Preto
Com ponta de fogo
Nem que seja um pingo ou gota de chama
Na origem de tudo
Só de ouvir lembrar
Sinto falta de um certo desconforto
Do confronto que enfraquece
Uma resma de epiderme é criada
E envelhece a cada presente recebido ou dispensado